quinta-feira, 14 de junho de 2012

Começou a Rio +20

Por Marilena Lino de Almeida Lavorato (*)


Ontém, começou a Rio +20, a conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. 170 países e 130 líderes mundiais confirmados para participarem e discutirem temas diversos dentro dos eixos: economia verde e desenvolvimento sustentável.


A expectativa é grande e a tarefa não é fácil. A começar pela reunião de lideranças que segundo consta estão muito ocupados com a crise financeira que assola a Europa, e que antes, assolou os Estados Unidos. Entre uma crise financeira e outra, os líderes mundiais se ocupam com os conflitos regionais, atualmente representado pela Primavera Arábe. Para discutir o que está acontecendo com o meio ambiente (natural e urbano) , ou seja, a casa de 7 bilhões de pessoas e de outras formas de vida, nunca há tempo ou disposição.  Grandes líderes mundiais não confirmaram presença em tão importante conferência alegando outras prioridades e compromissos, o que de certa forma, desmotiva e esvazia. 


Outro ponto que dificulta a construção de uma cultura de sustentabilidade junto a sociedade, é que temas relevantes da pauta Rio +20 são distantes do entendimento da grande massa, e por isto, ainda não atraem a atenção do cidadão comum, mesmo com todo esforço dos ambientalistas, da ONU e do próprio governo brasileiro, anfitrião pela segunda vez da conferencia. 


Segundo pesquisa do próprio Ministério do Meio Ambiente realizada recentemente confirma este desconhecimento do cidadão comum, apontando que apenas 22% da população brasileira sabe do que se trata a Rio +20. E olhe que melhoramos o desempenho, porque em 92 apenas 6% da população sabia sobre o que se tratava a Rio 92 na época.


Importante lembrar que a conferencia tem este nome porque já se passaram 20 anos da Rio 92 (ou Eco 92), a conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável em 92, que rendeu acordos e tratados, entre eles, as convenções do Clima e da Biodiversidade, e iniciou entendimentos para que anos depois fosse firmado o Protocolo de Quioto. Também produziu alguns documentos importantes como a Agenda 21, bastante utilizado pelos municípios. 


Agora, 20 anos depois e com mais 1,5 bilhão de pessoas no mundo e alguns décimos a mais de elevação na temperatura  (a temperatura global aumentou em 0,74  nos últimos 100 anos), os problemas aumentaram e o tempo para resolvê-los, diminuiu.  O relatório IPCC ( Intergovernmental Panel on Climate Change) de 2007 apontou desafios urgentes com a intensidade de fenômenos  naturais (desastres) a partir das mudanças do clima. O relatório teve a participação de 2500 cientistas de todo o mundo. Somado ao relatório, estamos vivendo na pele parte destes fenômenos no Brasil e em outras partes do mundo (inundações, seca, furacões, tornados, desertificação, etc.)


Reunião Condominial Global


O mundo precisa de um novo modelo de governança para enfrentar os desafios do clima e da escassez dos recursos naturais. Pontos fundamentais para a construção de futuro mais limpo, mais inclusivo e mais humano. 


A natureza, o fundamento invisível da economia, está apresentando a conta e os países estão discutindo, quem deve pagar e como. O tempo está correndo e segundo especialistas, a resiliência acabando. Estamos próximos de um caminho sem volta, ou seja, a cada dia a conta fica mais alta e em certas condições, impagável. 


Este grande condomínio chamado planeta terra que abriga aproximadamente 7 bilhões de pessoas está tendo sua reunião condominial na Rio +20.  Só por isto já merece a presença maciça dos chefes de estados, mas como afirma o teólogo Leonardo Boff em seu artigo publicado hoje no jornal Correio do Brasil "Os agentes do atual sistema mundial preferem salvar o sistema financeiro e os bancos que garantir a vida e proteger a Terra. Esta já está com os faróis no vermelho e no cheque especial"


Expectativa da Rio +20

Segundo estimativa, a Rio +20 irá receber mais de 50 mil pessoas que estarão de 13 a 22 de junho debatendo todas estas questões. E outras milhares estarão virtualmente ligados. Durante 10 dias, o mundo estará em pauta e terá a chance de rever conceitos, firmar acordos e mudar o curso da história para melhor. Mas, se não for desta vez, muita água ainda vai rolar no sentido literal da palavra, até aprendermos que o cuidado com a vida é prioridade para um futuro melhor: mais limpo, inclusivo e solidário.

(*) Marilena Lino de Almeida Lavorato é Presidente do Comitê de Sustentabilidade do Instituto Mais

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