Por Marilena Lino de Almeida Lavorato
Muitas vezes, enquanto o amor a natureza é cantado em prosa e verso por escolas de samba, a consciência ecológica é colocada a prova na produção e gerenciamento dos resíduos que produz. E como sempre, ficamos no discurso , e pior, desafinado com a realidade.
Os números do carnaval no Rio e em Salvador
Numa rápida pesquisa por números pela internet observamos o crescimento da geração dos resíduos em grandes capitais com tradição em festas carnavalescas.
Em 2011, o Rio de Janeiro produziu aproximadamente 900 toneladas de lixo, registrando um crescimento de 12% em relação a ano anterior.
Em Salvador, foram quase 1.400 toneladas de lixo gerados, e mais de 6 milhões de litros de água e 7 mil litros de aromatizantes limpar e higienizar as ruas. Em 2010, Depois dos dias de folia do carnaval de Salvador, mergulhadores da Global Garbage, ONG que combate o descarte de lixo nos oceanos, ficaram assustados com a quantidade de latas de cerveja e garrafas plásticas encontradas no fundo do mar do mar nas imediações do Farol da Barra.
E para os foliões que optarem pela folia em alto mar em um cruzeiro marítimo o saldo será maior ainda. Segundo dados da ONG “Friends of the Earth”, que calculou o passivo ambiental de cruzeiros s informa que um cruzeiro comum de uma semana de duração, gera mais de 50 toneladas de lixo, utiliza 3,8 milhões de litros de água (vindas da cozinha, dos chuveiros e da lavanderia), gera 795 mil litros de esgoto e 95 mil litros de água contaminada com óleo. Em média, cada passageiro produz 3,5 quilos de lixo por dia – aproximadamente quatro vezes mais que um cidadão em terra.
Divertir com Responsabilidade e consciência ambiental
Fica claro que a natureza serve para inspirar escolas e foliões, mas não é capaz de motivá-los a repensar seus atos. O alto consumo de produtos descartáveis como latas de cerveja e refrigerantes, garrafas de água, e embalagens de todos os tipos representa uma grande participação no volume de lixo produzido e descartado erroneamente, causando impactos ao meio ambiente e aumentando o custo da coleta e armazenamento para o cidadão que paga por este serviço.
Seguramente daqui uma semana teremos os números da geração de resíduos e consumo de água em cidades com forte tradição em carnaval, que certamente não nos agradarão.
Com a PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada em 2010 (depois de tramitar por mais de 20 anos no congresso) e com prazo ate agosto de 2014 para sua implantação total, acreditamos que esta situação melhore, por amor (motivação/educação) ou pela dor (punição/multa).
Enquanto isto não acontece, fica a questão: Em vez de cantarmos em verso e prosa a beleza da natureza não será mais eficaz ensinarmos e motivarmos as pessoas a adotarem práticas menos insustentáveis e mais responsáveis para sua preservação? Quem sabe alguém coloca esta feliz ideia em prática neste carnaval.
Divirtam se com responsabilidade e consciência ambiental. Bom Carnaval 2012.
(*) Marilena Lino de Almeida é especialista em Gestão da Sustentabilidade, Organizadora do Programa Benchmarking Brasil, Diretora da Mais Projetos e Presidente do Comitê de Sustentabilidade do Instituto MAIS.
PS: Hoje é 6a feira. Dia de comentar um tema relevante e atual da sustentabilidade.
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