quarta-feira, 14 de abril de 2010

A DESINFORMAÇÃO E A CULTURA DO DESPERDICIO

Ultimamente nos deparamos, em diversos veículos, com empresas anunciando ações em benefício da natureza, em prol do meio ambiente, ações de sustentabilidade, de responsabilidade socioambiental, etc. Tudo muito vago e cheirando a autopromoção, principalmente na internet, no sítio das empresas, onde um olhar superficial pode-se constatar a informação de arremedos de projetos, onde a empresa diz que fez, sem oferecer qualquer número indicativo ou dado que indique a veracidade do que está sendo dito.

Quem é que verifica a ação dessas empresas? Será que tem que existir um “Conar” para isso? Como podemos nos proteger da “Maquiagem verde” (ou greenwashing) que só busca a autopromoção?

Na realidade existe uma confusão muito grande nesse sentido; como a população começa a tomar conhecimento dos problemas e impactos ambientais, sem muita profundidade, acaba acreditando em quase tudo que ouve e vê à respeito, que vai de empresas que plantam árvores para captura de CO2 à recuperação obrigatória de áreas degradadas pós-depredação como responsabilidade ambiental.
Desta feita, a desinformação está sendo utilizada sistematicamente como um instrumento de marketing. Estamos assistindo a volta da “embromalogia” para a venda de produtos e imagens impunemente. A difusão de informação séria à população é algo mais que necessário, é imprescindível.
As ações de educação ambiental são parcas e desencontradas, ministradas pontualmente a uma parcela mínima da população. Enquanto não inserirmos o ser humano como um integrante do meio ambiente, e não à parte e acima, uma espécie que interage com um poder destrutivo muito superior as demais e, portanto, muito mais responsável, não adianta querermos que a população tenha consciência de suas obrigações para consigo e para com o próximo.
A própria educação da sociedade e principalmente das crianças e jovens, necessita ser repensado, há necessidade de incutir o “desejo de saber” para que tenhamos em um breve período de tempo uma sociedade mais evoluida, mais responsável e mais respeitadora, que veja o mundo como um eterno compartilhar, respeitando o próximo e enxergando as coisas públicas como de todos e não para seu unico usufruto.
Hoje no Brasil os piores inimigos do meio ambiente são a ganância, o individualismo e a ignorância, ou ainda pior, a suposição do conhecimento, que traz a ignorância funcional.

Necessitamos acima de tudo de uma nova metodologia, que seja mais colaborativa e que forneça uma base de orientação comportamental baseada em valores perenes. Que saudade da época em que lixo era realmente aquilo que não servia mais para uso humano, e, desperdício era falta de educação, e não uma necessidade da sociedade de consumo baseada em valores duvidosos.

(*) José Cláudio Alves é administrador de empresas, com especialização em gestão de cooperativas e militante ambiental desde 1996

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